Postagens

Erudição e secularização das paixões

A nossa cultura de muitas maneiras trata o erudito sempre por baixo. O esforço levado a cabo pelos amantes malditos, cuja paixão emana senão o gosto pela beleza, costuma ser reprimido desde cedo nos espíritos fecundos. No sentido daquilo que pode ser observado em nossos dias, existe uma compreensão pueril e comum de que o homem teria superado a sua característica milenar de contemplação pelas coisas belas do mundo, e, portanto, transcendido a si mesmo com vistas à consecução das paixões. Mais do que triste, fico revoltado, à maneira de um Hamlet, e tento, com o uso de todos os procedimentos possíveis, denunciar por meio desta página essa fantasia nociva que há tempos têm limitado a ação empreendida pelos arautos da sensibilidade. Mostrou-nos o grande bardo inglês, William Shakespeare, que no princípio era o silêncio. Eis que então, o príncipe da Dinamarca nos revelou, com imensa clareza, a condição do homem em face de uma vida desprovida de sentido: ler o Hamlet é agonizan